O drama das pequenas farmácias capixabas
Nos últimos 12 meses, 201 novas farmácias surgiram em todo o Espírito Santo, sendo 118 somente no último semestre. Enquanto o Brasil se recupera de uma das crises econômicas mais severas de sua história, as grandes redes farmacêuticas vêm se expandindo como nunca no estado, sobretudo na Grande Vitória.
O que justifica essa expansão vertiginosa? Nem o próprio Conselho Regional de Farmácia (CRF-ES) sabe. Fato é que esse “boom” misterioso tem trazido consequências para os negócios locais e também tem gerado reclamações dos próprios farmacêuticos.
Em 2017, 60 farmácias de menor porte foram fechadas em todo o Espírito Santo, 27 delas somente na Grande Vitória. Enquanto isso, farmácias imensas, com grande espaço de estacionamento, localizadas em terrenos supervalorizados de bairros nobres – muitos deles já abrigaram negócios antigos e tradicionais – são erguidas em pouquíssimo tempo.
Em momento de grave crise tantas farmácias, principalmente de alto custo, sejam abertas. Os locais, de aluguel caríssimo, em bairros nobres, uma do lado da outra. Se existe um mesmo número de clientes, como é possível se sustentarem? Por outro lado, esse ‘boom’ tem sido de farmácias de rede de fora do estado, que além de medicamentos vendem vários outros produtos, cosméticos, perfumaria de custo mais elevado, que atendem um público diferenciado. Mas continua intrigando, porque não existia demanda reprimida e não houve aumento populacional ou aquisitivo e mesmo assim a quantidade desse tipo de farmácia tem aumentado.
Quatro vezes mais do que o recomendado pela OMS
O número de farmácias recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de uma para cada 8.000 habitantes. Só que, no Espírito Santo, a média é de uma farmácia para cada 1.948 habitantes, uma proporção quatro vezes superior à recomendada pela OMS. Em Vitória, a situação é mais exagerada ainda: uma para cada 1.772 habitantes (4,5 vezes o ideal).
“A OMS preconiza essa quantidade para que a farmácia tenha subsistência, sem que pratique atos como fazer indicação de medicação que o paciente possa não precisa, não tratando a farmácia como comércio”, explica o presidente do CRF-ES.
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